domingo, 3 de abril de 2011

Corações marcados 2

A coisa mais difícil para ela era revê-lo, olhar nos olhos e perceber que embora já tivesse passado mais de uma ano ainda era louca por ele. Foi numa tarde do dia 2 de abril, quando o celular apitou e a mensagem veio... Mas não foram apenas seus olhos que leram aquelas esdrúxulas linhas, o coração também viu e sentiu que se partia ao meio. O coração chorava dentro do peito e emitia fagulhas de raiva, desespero e dor, mas os olhos queriam manter-se forte. No escondido de todos, enquando a água do chuveiro molhava seu rosto havia algo quente que se misturava: as lágrimas. Então ela as deixou correr, para aliviar a tensão... Era o fim de algo que ela passou 6 meses cultivando, um tempo pequeno talvez, mas o suficiente para querer para toda sua vida. A princípio veio a raiva avassaladora que a dominou, e a tristeza que preenchia cada partícula do seu corpo. As noites eram uma agonia, as dias eram um pesar, as lágrimas eram sua companhia e não tinha consolo em nada... A garganta se fechava em recusa a comida que lhe era oferecida e os olhos perderam aquele brilho que um dia tivera. Mas depois da tristeza e raiva veio o instinto de vingança, tão fútil e mesquinho. E por fim vingou de si mesma, sentiu mais dor sem que tivesse infligido nada a quem tanto a magoou. Tentou novos amores, novos carinhos, novas expectativas... Mas ele era sempre como uma sombra negra a acompanha-la. Por fim... Voltaram a se falar. Tentaram conversar, mas ela sempre o questionava, o irritava, porque o queria de volta pra si. Marcaram vários encontros para se reverem, mas tudo foi mal sucedido. No fim, em um dado momento quase voltaram... Mas ela não podia mais, tinha se re-apaixonado. Com a linha e agulha da alma remendara os pedaços, juntara cada parte esmigalhada e consertara o coração. Mas nele ainda havia as marcas da linha, as rachaduras de antes. As marcas sempre ficarão lá. Talvez um dia surja um excelente cirurgião e retire as marcas, deixando-as quase invisíveis, mas mesmo assim ainda estão lá. Passado um ano exato desse acontecimento ela o viu. Viu os olhos, o sorriso, sentiu o abraço, suas mãos em suas costas, riu com ele, comeu com ele, bebeu com ele e constatou que era capaz de ficar horas ao lado dele como amiga. Viu que o perdoara. Que aquele sentimento que tanto era temido, não era mais um pesadelo. O tempo realmente ajuda o coração que foi marcado a ferro pelas ilusões do amor, mas quem realmente cura é outro amor que aparece de repente, te dá medo no príncipio, mas te faz realmente feliz.

Um comentário:

  1. cicatrizes no coraçao sao eternas ...
    nem uma ferida é igual a outra...
    nem uma dor é igual;
    superar seus sentimentos nao tem comparaçao...

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